KIP
Texto e encenação de Pedro Alves
Estreou a 11 de setembro de 2003
no Teatroesfera
Texto e encenação de Pedro Alves
Estreou a 11 de setembro de 2003
no Teatroesfera
[SINOPSE]
Inspirado na história real de Kip Kinkel, jovem americano de 15 anos que assassinou os próprios pais e dois colegas de escola.
"Sangue no chão branco. E um cadáver coberto com um lençol, junto a uma mesa. Auscultadores e um Walkman partido. Livros, mochilas, uma flauta, até sapatos, abandonados na urgência da fuga."
O espetáculo foi apresentado no Centro de Artes Performativas do Algarve (Faro), Casa Municipal da Juventude de Almada – Casa Amarela (Almada), Casa Conveniente e Teatro Taborda (Lisboa).
"Sangue no chão branco. E um cadáver coberto com um lençol, junto a uma mesa. Auscultadores e um Walkman partido. Livros, mochilas, uma flauta, até sapatos, abandonados na urgência da fuga."
O espetáculo foi apresentado no Centro de Artes Performativas do Algarve (Faro), Casa Municipal da Juventude de Almada – Casa Amarela (Almada), Casa Conveniente e Teatro Taborda (Lisboa).
[SOBRE O ESPETÁCULO]
Desde o mediático caso do tiroteio no Liceu americano de Columbine, quando dois jovens assasinaram catorze estudantes e um professor, suicidando-se em seguida, a América (e os agentes artísticos) despertou para a dura realidade dos tiroteios nas escolas. Tornou- se um problema global quando Robert Steinhauser, um rapaz alemão de 19 anos, matou a tiro dezasseis pessoas e se suicidou no Liceu de Gutemberg, do qual fora expulso quase um ano antes. E outros casos existem. Talvez não tenham tido atenção mediática. Mas existem. Este espetáculo é inspirado na história de um jovem de quinze anos que disparou sobre mais de vinte colegas de escola, depois de ter morto os próprios pais. O desespero e a violência deste acto levaram-me a escrever o texto a partir de notícias, informações policiais, relatos dos sobreviventes, opiniões de familiares, conhecidos e médicos, para além de uma tentativa frustada de troca de correspondência com o próprio Kip Kinkel, agora detido no estabelecimento correcional MacLaren, nos Estado Unidos - agora parece-me óbvio que nunca receberia uma resposta.
Com o espetáculo pretendemos abordar um assunto extremamente sensível, em Portugal: a violência. Tendo sido uma das questões mais debatidas dos últimos tempos no plano político, a violência, ou mais concretamente, a delinquência juvenil é uma das delicadas temáticas abordadas neste texto, que acreditamos abrir o espaço necessário à reflexão sobre a adolescência, a solidão e depressão, a comercialização e posse de armas de fogo e o aumento do consumo de drogas caseiras às quais chamamos anti-depressivos. Tentámos não cair num lado parcial de condenação ou vitimização. O texto não retrata Kip como ele é ou era, nem apresenta respostas para os acontecimentos. Mas também não nos limitamos a apresentar os factos, à distância.
A personagem central, inspirada no jovem Kip Kinkel, tal como os heróis do clássico teatro grego, ao longo do texto, desvenda o seu destino fatídico e, inevitavelmente, caminha ao encontro da sua própria tragédia. No final, tentamos compreender a "violência"... e há muitas "violências". Talvez a violência esteja no vazio da alma de Kip, "herói" trágico, perdido e à deriva nessa mesma solidão que o devora e o leva às profundezas (para além do "coração das trevas"), onde já não há ódios, nem horrores, nem medos, nem premeditações e onde a morte é o único fim. E afinal, quem morre e quem mata?
Pedro Alves
Com o espetáculo pretendemos abordar um assunto extremamente sensível, em Portugal: a violência. Tendo sido uma das questões mais debatidas dos últimos tempos no plano político, a violência, ou mais concretamente, a delinquência juvenil é uma das delicadas temáticas abordadas neste texto, que acreditamos abrir o espaço necessário à reflexão sobre a adolescência, a solidão e depressão, a comercialização e posse de armas de fogo e o aumento do consumo de drogas caseiras às quais chamamos anti-depressivos. Tentámos não cair num lado parcial de condenação ou vitimização. O texto não retrata Kip como ele é ou era, nem apresenta respostas para os acontecimentos. Mas também não nos limitamos a apresentar os factos, à distância.
A personagem central, inspirada no jovem Kip Kinkel, tal como os heróis do clássico teatro grego, ao longo do texto, desvenda o seu destino fatídico e, inevitavelmente, caminha ao encontro da sua própria tragédia. No final, tentamos compreender a "violência"... e há muitas "violências". Talvez a violência esteja no vazio da alma de Kip, "herói" trágico, perdido e à deriva nessa mesma solidão que o devora e o leva às profundezas (para além do "coração das trevas"), onde já não há ódios, nem horrores, nem medos, nem premeditações e onde a morte é o único fim. E afinal, quem morre e quem mata?
Pedro Alves
[FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA]
Designação do Espetáculo KIP | Autoria e Encenação Pedro Alves | Interpretação Paulo Cintrão, Maria Gil, Rute Lizardo e Pedro Mendes | Direcção de Movimento Carla Sampaio | Desenho de Luz Pedro Alves e Carlos Arroja | Direção Técnica e Sonoplastia Carlos Arroja | Fotografia António Rodrigues | Designe Gráfico Heitor Fonseca | Costureira Adélia Canelas | Montagem Carlos Arroja e Paulo Cunha | Operação de Som e Luz Paulo Cunha | Direção de Produção Pedro Alves | Produção Executiva Ana Músico | Produção teatromosca | Co-produção Centro de Artes Performativas do Algarve, Festival Internacional de Portalegre, Lugar Comum, Casa Conveniente, ZDB | Projeto Financiado pelo Ministério da Cultura / IPAE | Apoios Câmara Municipal de Sintra, Câmara Municipal de Lisboa, General Cable CelCat, Arco Bésta e Caça, Comando Geral do Exército, Junta de Freguesia de Alguirão - Mem Martins, Artistas Unidos, ZDB, Casa do Alentejo, Cabicom, Cable Plus e Luzeiro
Agradecimentos Isabel e Maria Inês, Jonh e Beverly Berger, Ronald Verhoog, Câmara dos Ofícios, Sandra Canelas, Casa Brancana e Grupo 93 de Sintra da Associação de Escuteiros de Portugal
Agradecimentos Isabel e Maria Inês, Jonh e Beverly Berger, Ronald Verhoog, Câmara dos Ofícios, Sandra Canelas, Casa Brancana e Grupo 93 de Sintra da Associação de Escuteiros de Portugal
KIP
Directed by Pedro Alves
Premiered on September 11 2003 at Teatroesfera
[SYNOPSIS]
Inspired by the true story of Kip Kinkel, a 15-year-old American who murdered his own parents and two schoolmates.
“Blood on the white floor. And a corpse covered with a sheet, next to a table. Headphones and a broken Walkman. Books, backpacks, a flute, even shoes, abandoned in the urgency to escape.”
The performance was presented at the Centro de Artes Performativas do Algarve (Faro), Casa Municipal da Juventude de Almada – Casa Amarela (Almada), Casa Conveniente and Teatro Taborda (Lisbon).
[ABOUT THE PERFORMANCE]
Since the case covered by the media of the shooting at the American Columbine High School, where two young people killed fourteen students and a teacher, committing suicide afterwards, America (and artistic agents) has been awoken to the harsh reality of school shootings. It has become a global problem since Robert Steinhauser, a 19-year-old German boy, shot and killed sixteen people and then committed suicide at the Gutenberg school, from which he had been expelled almost a year earlier. And other cases exist. Perhaps they have not received media attention. But they exist. This performance is inspired by the story of a fifteen-year-old boy who shot more than twenty schoolmates after killing his own parents. The despair and violence of this act led me to write the text based on the news, police information, survivors' accounts, opinions of relatives, acquaintances, and doctors, in addition to a frustrated attempt to exchange correspondence with Kip Kinkel himself, now arrested at the MacLaren Youth Correctional Facility in the United States – it now seems obvious to me that I would never receive a response.
With this performance, we aim to address an extremely sensitive issue in Portugal: violence. Having been one of the most debated issues in recent times at the political level, violence, or more specifically, juvenile delinquency is one of the delicate themes addressed in this text, which we believe opens the necessary space for reflection on adolescence, loneliness and depression, the commercialization and possession of firearms, and the increase in the consumption of homemade drugs that we call antidepressants. We tried not to fall into a partial side of condemnation or victimization. The text does not portray Kip as he is or was, nor does it provide answers to the events. But we also do not limit ourselves to presenting the facts from a distance.
The central character, inspired by young Kip Kinkel, like the heroes of classical Greek theater, throughout the text, reveals his fateful destiny and inevitably walks towards his own tragedy. In the end, we try to understand “violence”… and there are many “violences.” Perhaps the violence is in the emptiness of Kip's soul, a tragic “hero” lost and adrift in that same loneliness that devours him and leads him to the depths (beyond the “heart of darkness”), where there are no more hatreds, horrors, fears, or premeditations and where death is the only end. And after all, who dies and who kills?
Pedro Alves
[CREDITS]
Title of the Performance KIP | Authorship and Directed by Pedro Alves | Cast Paulo Cintrão, Maria Gil, Rute Lizardo and Pedro Mendes | Movement director Carla Sampaio | Lighting Design Pedro Alves and Carlos Arroja | Technical Supervision and Sound effects Carlos Arroja | Photography António Rodrigues | Graphic Design Heitor Fonseca | Costume Design Adélia Canelas | Staging Carlos Arroja and Paulo Cunha | Lighting and Sound Technician Paulo Cunha | Production Manager Pedro Alves | Executive Producer Ana Músico | Production teatromosca | Co-production Centro de Artes Performativas do Algarve, Festival Internacional de Portalegre, Lugar Comum, Casa Conveniente, ZDB | Project funded by Ministério da Cultura / IPAE | Additional support by Câmara Municipal de Sintra, Câmara Municipal de Lisboa, General Cable CelCat, Arco Bésta e Caça, Comando Geral do Exército, Junta de Freguesia de Alguirão - Mem Martins, Artistas Unidos, ZDB, Casa do Alentejo, Cabicom, Cable Plus and Luzeiro
Thanks to Isabel and Maria Inês, Jonh and Beverly Berger, Ronald Verhoog, Câmara dos Ofícios, Sandra Canelas, Casa Brancana and Grupo 93 de Sintra da Associação de Escuteiros de Portugal
Directed by Pedro Alves
Premiered on September 11 2003 at Teatroesfera
[SYNOPSIS]
Inspired by the true story of Kip Kinkel, a 15-year-old American who murdered his own parents and two schoolmates.
“Blood on the white floor. And a corpse covered with a sheet, next to a table. Headphones and a broken Walkman. Books, backpacks, a flute, even shoes, abandoned in the urgency to escape.”
The performance was presented at the Centro de Artes Performativas do Algarve (Faro), Casa Municipal da Juventude de Almada – Casa Amarela (Almada), Casa Conveniente and Teatro Taborda (Lisbon).
[ABOUT THE PERFORMANCE]
Since the case covered by the media of the shooting at the American Columbine High School, where two young people killed fourteen students and a teacher, committing suicide afterwards, America (and artistic agents) has been awoken to the harsh reality of school shootings. It has become a global problem since Robert Steinhauser, a 19-year-old German boy, shot and killed sixteen people and then committed suicide at the Gutenberg school, from which he had been expelled almost a year earlier. And other cases exist. Perhaps they have not received media attention. But they exist. This performance is inspired by the story of a fifteen-year-old boy who shot more than twenty schoolmates after killing his own parents. The despair and violence of this act led me to write the text based on the news, police information, survivors' accounts, opinions of relatives, acquaintances, and doctors, in addition to a frustrated attempt to exchange correspondence with Kip Kinkel himself, now arrested at the MacLaren Youth Correctional Facility in the United States – it now seems obvious to me that I would never receive a response.
With this performance, we aim to address an extremely sensitive issue in Portugal: violence. Having been one of the most debated issues in recent times at the political level, violence, or more specifically, juvenile delinquency is one of the delicate themes addressed in this text, which we believe opens the necessary space for reflection on adolescence, loneliness and depression, the commercialization and possession of firearms, and the increase in the consumption of homemade drugs that we call antidepressants. We tried not to fall into a partial side of condemnation or victimization. The text does not portray Kip as he is or was, nor does it provide answers to the events. But we also do not limit ourselves to presenting the facts from a distance.
The central character, inspired by young Kip Kinkel, like the heroes of classical Greek theater, throughout the text, reveals his fateful destiny and inevitably walks towards his own tragedy. In the end, we try to understand “violence”… and there are many “violences.” Perhaps the violence is in the emptiness of Kip's soul, a tragic “hero” lost and adrift in that same loneliness that devours him and leads him to the depths (beyond the “heart of darkness”), where there are no more hatreds, horrors, fears, or premeditations and where death is the only end. And after all, who dies and who kills?
Pedro Alves
[CREDITS]
Title of the Performance KIP | Authorship and Directed by Pedro Alves | Cast Paulo Cintrão, Maria Gil, Rute Lizardo and Pedro Mendes | Movement director Carla Sampaio | Lighting Design Pedro Alves and Carlos Arroja | Technical Supervision and Sound effects Carlos Arroja | Photography António Rodrigues | Graphic Design Heitor Fonseca | Costume Design Adélia Canelas | Staging Carlos Arroja and Paulo Cunha | Lighting and Sound Technician Paulo Cunha | Production Manager Pedro Alves | Executive Producer Ana Músico | Production teatromosca | Co-production Centro de Artes Performativas do Algarve, Festival Internacional de Portalegre, Lugar Comum, Casa Conveniente, ZDB | Project funded by Ministério da Cultura / IPAE | Additional support by Câmara Municipal de Sintra, Câmara Municipal de Lisboa, General Cable CelCat, Arco Bésta e Caça, Comando Geral do Exército, Junta de Freguesia de Alguirão - Mem Martins, Artistas Unidos, ZDB, Casa do Alentejo, Cabicom, Cable Plus and Luzeiro
Thanks to Isabel and Maria Inês, Jonh and Beverly Berger, Ronald Verhoog, Câmara dos Ofícios, Sandra Canelas, Casa Brancana and Grupo 93 de Sintra da Associação de Escuteiros de Portugal