O SOM E A FÚRIA
Trilogia Norte-Americana
Encenação de Pedro Alves
Estreou a 12 de dezembro de 2014 no Auditório Municipal António Silva
Trilogia Norte-Americana
Encenação de Pedro Alves
Estreou a 12 de dezembro de 2014 no Auditório Municipal António Silva
[SINOPSE]

«O Som e a Fúria» é o segundo espetáculo de uma trilogia que o teatromosca dedica à literatura americana (em 2013 apresentou «Moby Dick» de Herman Melville e em 2015 será a vez de «Fahrenheit 451» de Ray Bradbury).
Com «O Som e a Fúria», Faulkner acentua, com desdenhosa energia, o caráter denso e obscuro da sua prosa. O texto, dividido em quatro seções distintas, centra-se na ruína da família Compson, antigos aristocratas do Sul dos Estados Unidos que, num ambiente de desintegração e constrangimento, lutam para lidar com a dissolução da sua família e da sua reputação. A primeira parte, referente ao dia 7 de abril de 1928, é narrada por Benjy, o filho mais novo dos Compson, surdo-mudo e idiota, e através dos seus monólogos – num labirinto de pensamentos inarticulados e nebulosos com imprevistos golpes de luz que fazem intuir atos de violência e sangue – o leitor deverá (re)construir toda a ação. A segunda secção, relativa ao dia 2 de junho de 1910, é narrada por Quentin Compson, irmão mais velho de Benjy, e mostra-nos os acontecimentos que levaram ao seu suicídio. Na terceira secção, de 6 de abril de 1928, Faulkner escreve do ponto de vista de Jason, o cínico irmão de Quentin e Benjy, que, após o falecimento do pai, se assume como pilar económico da família. A quarta secção, que decorre um dia após os acontecimentos descritos na primeira secção, é a única que não é narrada na primeira pessoa; centra-se, principalmente, em Dilsey, a velha criada negra da família e observadora privilegiada da destruição dos Compson.
THE SOUND AND THE FURY
In ‘The Sound and the Fury’, Faulkner points out, embedded in a disdainful energy, the dense and obscure character of his prose. The text, divided into four distinct sections, focuses on the Compson’s family ruin, former Southern aristocrats in the USA that struggle to deal with the dissolution of their family and their reputation. Three out of four sections in the novel take place at the time of Easter, 1928. Faulkner’s placement of the novel’s climax on this weekend is significant, as it is associated with the Passion of Christ.
This is the second production of a trilogy that teatromosca is dedicating to North-American narratives. The performance is a coproduction with Quorum Ballet, Theatro Circo de Braga, Arte Institute - New York, US Embassy in Lisbon, Festival Internacional de Teatro do Alentejo, supported by the Portuguese State – Secretário de Estado da Cultura/Direcção Geral das Artes. It premiered on 12th December 2014, at Auditório António Silva (Cacém) and it has toured in more than 11 cities around Portugal.
Com «O Som e a Fúria», Faulkner acentua, com desdenhosa energia, o caráter denso e obscuro da sua prosa. O texto, dividido em quatro seções distintas, centra-se na ruína da família Compson, antigos aristocratas do Sul dos Estados Unidos que, num ambiente de desintegração e constrangimento, lutam para lidar com a dissolução da sua família e da sua reputação. A primeira parte, referente ao dia 7 de abril de 1928, é narrada por Benjy, o filho mais novo dos Compson, surdo-mudo e idiota, e através dos seus monólogos – num labirinto de pensamentos inarticulados e nebulosos com imprevistos golpes de luz que fazem intuir atos de violência e sangue – o leitor deverá (re)construir toda a ação. A segunda secção, relativa ao dia 2 de junho de 1910, é narrada por Quentin Compson, irmão mais velho de Benjy, e mostra-nos os acontecimentos que levaram ao seu suicídio. Na terceira secção, de 6 de abril de 1928, Faulkner escreve do ponto de vista de Jason, o cínico irmão de Quentin e Benjy, que, após o falecimento do pai, se assume como pilar económico da família. A quarta secção, que decorre um dia após os acontecimentos descritos na primeira secção, é a única que não é narrada na primeira pessoa; centra-se, principalmente, em Dilsey, a velha criada negra da família e observadora privilegiada da destruição dos Compson.
THE SOUND AND THE FURY
In ‘The Sound and the Fury’, Faulkner points out, embedded in a disdainful energy, the dense and obscure character of his prose. The text, divided into four distinct sections, focuses on the Compson’s family ruin, former Southern aristocrats in the USA that struggle to deal with the dissolution of their family and their reputation. Three out of four sections in the novel take place at the time of Easter, 1928. Faulkner’s placement of the novel’s climax on this weekend is significant, as it is associated with the Passion of Christ.
This is the second production of a trilogy that teatromosca is dedicating to North-American narratives. The performance is a coproduction with Quorum Ballet, Theatro Circo de Braga, Arte Institute - New York, US Embassy in Lisbon, Festival Internacional de Teatro do Alentejo, supported by the Portuguese State – Secretário de Estado da Cultura/Direcção Geral das Artes. It premiered on 12th December 2014, at Auditório António Silva (Cacém) and it has toured in more than 11 cities around Portugal.
[SOBRE O ESPETÁCULO]
Não parece haver foco central na narrativa, apesar de os três primeiros narradores centrarem as suas atenções em Caddy, a única filha dos Compson. Mas a perda da virgindade de Caddy Compson não é verdadeiramente o foco da tensão do texto. O que interessará mais será, porventura, o significado que os seus três irmãos atribuem a esse acontecimento. Para cada um deles, Cady significará algo diferente. E cada um deles olhará para ela e para as suas ações de modo diferente. Cada um cria a sua verdade privada, o seu mundo fechado. A deficiência de Benjy será disso um bom exemplo, tal como o suicídio de Quentin ou o isolamento calculista de Jason. As personagens, mais mergulhadas no passado e nas suas memórias do que no presente e no imediato, não agem, são levadas a agir, e cada um constrói o seu próprio pequeno mundo privado, isolando-se cada vez mais. A própria casa dos Compson parece um símbolo desse isolamento, cada quarto mais como um mausoléu privado. Somente a cozinha de Dilsey parece ter vida. Cada um dos irmãos de Caddy apresenta a sua “verdade” e a distorção da verdade. A última secção do texto dá-nos o ponto de vista de uma pessoa interessada mas não envolvida nos eventos. Através do ponto de vista distanciado da negra Dilsey, completamos a viagem, que se inicia no mundo privado da família Compson, para a esfera pública que é representada pela cidade de Jefferson. E essa mudança é acompanhada por uma gradual mudança do fluxo de consciência dos três primeiros narradores para uma narrativa mais linear e convencional do último narrador. Na última parte, emergimos do mundo fechado dos Compson para percebermos que Caddy não chega nunca a existir verdadeiramente no texto para além das memórias e imaginação das outras três personagens. Caddy não ganha voz própria e é revelada através do olhar dos outros. E acaba por ser Dilsey quem criará ordem a partir da desordem; ela é o documento, a prova viva, de tudo o que aconteceu naquela família.
O primeiro grande desafio neste espetáculo começa por ser trabalhar sobre um texto onde nada acontece realmente. A trama não evolui de forma tradicional. As personagens e as ações parecem estar cristalizadas, não há futuro, o presente é sempre um acontecimento passado, monstruoso e incompreensível, e, no entanto, tanto parece ter acontecido. Os momentos surgem, ficam suspensos e desaparecem. Por exemplo, o momento exato do presente de Quentin é o minuto infinitésimo da sua morte, tentando escapar às suas memórias porque, com o suicídio, pretende apagar a traição de Caddy que, no fundo, só existe na sua memória. De facto, não é senão o Tempo que parece assumir-se como verdadeiro foco do texto de Faulkner, fazendo da questão da forma e da técnica (tão estranha e sofisticada ainda hoje) um assunto inevitável na abordagem que dele pretendemos fazer.
O primeiro grande desafio neste espetáculo começa por ser trabalhar sobre um texto onde nada acontece realmente. A trama não evolui de forma tradicional. As personagens e as ações parecem estar cristalizadas, não há futuro, o presente é sempre um acontecimento passado, monstruoso e incompreensível, e, no entanto, tanto parece ter acontecido. Os momentos surgem, ficam suspensos e desaparecem. Por exemplo, o momento exato do presente de Quentin é o minuto infinitésimo da sua morte, tentando escapar às suas memórias porque, com o suicídio, pretende apagar a traição de Caddy que, no fundo, só existe na sua memória. De facto, não é senão o Tempo que parece assumir-se como verdadeiro foco do texto de Faulkner, fazendo da questão da forma e da técnica (tão estranha e sofisticada ainda hoje) um assunto inevitável na abordagem que dele pretendemos fazer.
[FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA]
Texto William Faulkner | Direção artística Pedro Alves | Adaptação Alexandre Sarrazola | Direção de movimento Daniel Cardoso | Interpretação Filipe Araújo, João Cabral e Ruben Chama (atores), Catarina Correia, Margarida Costa e Inês Pedruco (bailarinas) e Ruben Jacinto (músico) | Assistência de direção Mário Trigo e Maria Carneiro | Cenografia Pedro Silva | Figurino Carlos Coxo | Design gráfico Alex Gozblau | Direcção técnica Carlos Arroja | Vídeo Ricardo Reis | Fotografia Catarina Lobo | Assessoria de imprensa e gestão Joaquim René | Hairstyling Sara Vargas (Señorita Scarlett) | Produção teatromosca | Coprodução Quorum Ballet, Theatro Circo de Braga, Arte Institute (NY), Embaixada dos EUA, Festival de Teatro Setúbal/Teatro Estúdio Fontenova e Festival Internacional de Teatro do Alentejo/Lêndias d’Encantar | Parcerias Festival Les Eurotopiques, Biblioteca da Faculdade de Letras da UL, Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Biblioteca Universidade de Aveiro, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Teatro Meridional, Câmara dos Ofícios, Teatro Experimental de Cascais e Teatro Art’Imagem/Festival Fazer a Festa | Financiamento Governo de Portugal, Secretário de Estado da Cultura - DGArtes | Apoios Câmara Municipal de Sintra, 5àSEC, Junta de Freguesia de Agualva - Mira Sintra, Instituto do Emprego e da Formação Profissional, Fundação GDA, Teatro Nacional D. Maria II, Chão de Oliva e Artistas Unidos | Media partners Saloia Tv, Jornal Hardmusica, Gerador e Correio de Sintra | Agradecimentos João Pedro Frazão
Espetáculo com a duração aproximada de 130 minutos (sem intervalo)
Para maiores de 14 anos
Espetáculo com a duração aproximada de 130 minutos (sem intervalo)
Para maiores de 14 anos
[SOBRE A TRILOGIA NORTE-AMERICANA]
[FOTOGRAFIAS]
[MEMORABILIA]
[DIGRESSÃO]
Teatro Mirita Casimiro (Cascais)
Theatro Circo (Braga)
Teatro Meridional (Lisboa)
Recreios da Amadora (Amadora)
Teatro Municipal da Guarda (Guarda)
Teatro Art'Imagem (Maia)
Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada)
CineTeatro Aveirense (Aveiro)
Pax Julia Teatro Municipal (Beja)
Cineteatro Alba (Albergaria-a-Velha)
Teatro da Politécnica (Lisboa)
Theatro Circo (Braga)
Teatro Meridional (Lisboa)
Recreios da Amadora (Amadora)
Teatro Municipal da Guarda (Guarda)
Teatro Art'Imagem (Maia)
Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada)
CineTeatro Aveirense (Aveiro)
Pax Julia Teatro Municipal (Beja)
Cineteatro Alba (Albergaria-a-Velha)
Teatro da Politécnica (Lisboa)