FAHRENHEIT 451
Trilogia Norte-Americana
Encenação de Pedro Alves
Estreou a 19 de novembro de 2015 no Théâtre de la Tête Noire, Saran (França)
Trilogia Norte-Americana
Encenação de Pedro Alves
Estreou a 19 de novembro de 2015 no Théâtre de la Tête Noire, Saran (França)
Fahrenheit 451 #1 - trailer from teatromosca on Vimeo.
[SINOPSE]

Marco da literatura de ficção científica, publicado em 1953, o romance distópico de Ray Bradbury passa-se numa cidade não especificada, numa data não determinada (após 1960), e é considerado um dos seus melhores textos. É com a adaptação deste romance - e em estreita relação com a adaptação cinematográfica que François Truffaut realizou em 1966 - que o teatromosca encerra a trilogia dedicada à literatura narrativa norte-americana, iniciada em 2013 com a adaptação de «Moby-Dick», de Herman Melville, e que teve em «O Som e a Fúria», adaptado do romance de William Faulkner, o seu segundo andamento.
Montag é bombeiro e em breve será capitão. Montag é um homem realizado. Montag tem um bom emprego. Montag tem uma família feliz. Montag tem uma casa confortável. Mas tudo isto é feito de papelão e tudo arderá tão depressa como o Livro de Jonas, as obras de Platão, os sonetos de Shakespeare, os poemas de Milton, os textos de Homero, o «Moby-Dick» de Melville… Montag será fogo, primeiro a consumir para destruir livros e preservar a paz social, depois a consumir tudo para preservar a memória e um legado literário ameaçado. Como a jovem Clarisse será ignição e Mildred será combustível, Montag será o fogo destruidor de uma civilização já em processo de demolição – uma ruína escondida atrás de máscaras e maquilhagem. Montag é um bombeiro contratado para destruir pelo fogo todos os bens daqueles que se atrevem a ler livros, daqueles que desrespeitam a Lei. Numa sociedade higienizada, em que as famílias são personagens em telas interativas, Montag atrever-se-á a ser leitor, a pensar, a questionar, a ser livro. Será perseguido…
FAHRENHEIT 451
Published in 1953, this sci-fi literary landmark brings a dystopian unnamed city, in an uncertain date – after 1960. The novel is taken into consideration as one of Bradbury’s best texts. The performance deals with the adaptation of the book, together with François Truffaut’s film of 1966.
Fahrenheit 451 closes the North-American Trilogy and was first premiered at Théâtre de la Tête Noire, in Saran (France), on 19th November 2015. It is a coproduction with this French theatre company, with whom teatromosca has developed an international cooperation project called ‘Ferry-Book’. The performance is supported by the Portuguese Ministry of Culture. It has been presented in Portugal, in Cacém, Cascais, Portalegre, Funchal and Coimbra.
Montag é bombeiro e em breve será capitão. Montag é um homem realizado. Montag tem um bom emprego. Montag tem uma família feliz. Montag tem uma casa confortável. Mas tudo isto é feito de papelão e tudo arderá tão depressa como o Livro de Jonas, as obras de Platão, os sonetos de Shakespeare, os poemas de Milton, os textos de Homero, o «Moby-Dick» de Melville… Montag será fogo, primeiro a consumir para destruir livros e preservar a paz social, depois a consumir tudo para preservar a memória e um legado literário ameaçado. Como a jovem Clarisse será ignição e Mildred será combustível, Montag será o fogo destruidor de uma civilização já em processo de demolição – uma ruína escondida atrás de máscaras e maquilhagem. Montag é um bombeiro contratado para destruir pelo fogo todos os bens daqueles que se atrevem a ler livros, daqueles que desrespeitam a Lei. Numa sociedade higienizada, em que as famílias são personagens em telas interativas, Montag atrever-se-á a ser leitor, a pensar, a questionar, a ser livro. Será perseguido…
FAHRENHEIT 451
Published in 1953, this sci-fi literary landmark brings a dystopian unnamed city, in an uncertain date – after 1960. The novel is taken into consideration as one of Bradbury’s best texts. The performance deals with the adaptation of the book, together with François Truffaut’s film of 1966.
Fahrenheit 451 closes the North-American Trilogy and was first premiered at Théâtre de la Tête Noire, in Saran (France), on 19th November 2015. It is a coproduction with this French theatre company, with whom teatromosca has developed an international cooperation project called ‘Ferry-Book’. The performance is supported by the Portuguese Ministry of Culture. It has been presented in Portugal, in Cacém, Cascais, Portalegre, Funchal and Coimbra.
[SOBRE O PROJETO]
O NASCIMENTO DO LEITOR-ESPETADOR
O que Barthes diz a propósito da morte do autor é que só assim se permite o «nascimento do leitor». O texto escrito abre-se a novas interpretações, a diferentes leituras. Recentemente, o teatromosca tem focado o seu trabalho na adaptação de textos narrativos para o palco. Não nos interessa ilustrar aquilo que não está ilustrado, clarificar o que está na sombra ou desvendar o que deve permanecer um enigma. Por outro lado, não pretendemos autopsiar cadáveres (o texto está tão morto como o seu autor!) para, posteriormente, lhes mascarar as feridas e imperfeições. Também não temos nenhum respeito cerimonioso em relação ao Autor, seja lá ele qual for, até porque sabemos que também nós morremos a partir do momento em que apresentamos um espetáculo, para que possa nascer o leitor-espetador. No entanto, deixemo-nos ficar aqui, de volta destes «textos», demoremo-nos um pouco na sua «leitura» e possa cada um de nós ler aquilo que quiser/conseguir.
MEDIADORES DA MORTE
Neste trabalho que temos vindo a traçar (sempre inacabado e imperfeito), os atores – e aqui também os músicos, os bailarinos e todos os outros que possam habitar a cena com a sua performance – desempenham a função de mediadores, guiando os espetadores na direção da cena, encantando-os com a sua performance, deixando ressoar em si os sons que, durante a leitura individual e silenciosa, nos vão enchendo o cérebro. E, se o texto e o autor estão mortos, os atores (neste caso, músicos, atores, técnicos etc.) emprestam-lhes a sua carne para que o cadáver (enrugado, pesado, demorado, desequilibrado) torne a viver.
TEATRO E NARRATIVA
Recusando a ideia que um texto (literatura ou não) contém sentido, tratando-se de uma criação em constante diálogo com os seus recetores, em permanente construção, podemos dizer que na criação artística existe um «vir-a-ser-sentido». Podemos então falar de significância, de uma espécie de «performance» de significado. Na introdução ao livro de Roland Barthes, «O Prazer do Texto» (Edições 70), Eduardo Prado Coelho fala da significância como sendo, «num primeiro momento, a recusa de uma significação única; é o que faz do texto, não um produto, mas uma produção; é o que mantém o texto num estatuto de enunciação, e rejeita que ele se converta num enunciado». Esta ideia de que os textos iniciam uma «performance» de significado mais do que formularem significado em si mesmos, e que a palavra nos transporta mentalmente para além da experiência musical, sonora, é a base essencial para a nossa abordagem a estes três romances norte-americanos.
Neste teatro narrativo em que nos interessa (continuar a) trabalhar, diferentes camadas de ficção vão sendo introduzidas e geridas pelo atores-narradores, assumindo, de certo modo, o papel de duplo-do-autor/ duplo-do-ator, num movimento constante entre a ficção interna da peça (onde a presença do narrador é motivada e justificada pela ação) e a destruição da ilusão (quando o narrador se dirige diretamente ao público). Depois da criação de «Moby-Dick» e «O Som e a Fúria», o teatromosca encerra com o texto de Bradbury o projeto iniciado em 2013, em que procura refletir sobre a fundação da nação americana, a sua supremacia cultural e económica preponderante no séc. XX e o consequente fracasso “recente” desta sociedade e do seu modelo, a partir de uma reflexão também sobre as suas práticas artísticas e como estas demonstram esta ascensão e (a anunciada) queda. A partir da adaptação de alguns dos mais importantes textos narrativos norte-americanos, pretende-se abordar temas como a História, a religião, a especificidade geográfica, a representação da mulher, a liberdade, a multiculturalidade, o tempo, o fracasso da linguagem e da narrativa, a ordem, o caos e a violência. Pretende-se ainda estender essa reflexão ao questionamento da civilização ocidental e do seu estado atual, tomando como ponto de partida a mais influente literatura não-dramática produzida nos Estados Unidos da América.
O terceiro espetáculo desta Trilogia Norte-Americana, com direção artística de Pedro Alves, estreou no Théâtre de la Tête Noire, em Saran (França), no dia 19 de novembro, às 19.30h, em coprodução com esta estrutura teatral francesa com quem o teatromosca estabeleceu um protocolo de cooperação internacional designado «Ferry-Book».
O que Barthes diz a propósito da morte do autor é que só assim se permite o «nascimento do leitor». O texto escrito abre-se a novas interpretações, a diferentes leituras. Recentemente, o teatromosca tem focado o seu trabalho na adaptação de textos narrativos para o palco. Não nos interessa ilustrar aquilo que não está ilustrado, clarificar o que está na sombra ou desvendar o que deve permanecer um enigma. Por outro lado, não pretendemos autopsiar cadáveres (o texto está tão morto como o seu autor!) para, posteriormente, lhes mascarar as feridas e imperfeições. Também não temos nenhum respeito cerimonioso em relação ao Autor, seja lá ele qual for, até porque sabemos que também nós morremos a partir do momento em que apresentamos um espetáculo, para que possa nascer o leitor-espetador. No entanto, deixemo-nos ficar aqui, de volta destes «textos», demoremo-nos um pouco na sua «leitura» e possa cada um de nós ler aquilo que quiser/conseguir.
MEDIADORES DA MORTE
Neste trabalho que temos vindo a traçar (sempre inacabado e imperfeito), os atores – e aqui também os músicos, os bailarinos e todos os outros que possam habitar a cena com a sua performance – desempenham a função de mediadores, guiando os espetadores na direção da cena, encantando-os com a sua performance, deixando ressoar em si os sons que, durante a leitura individual e silenciosa, nos vão enchendo o cérebro. E, se o texto e o autor estão mortos, os atores (neste caso, músicos, atores, técnicos etc.) emprestam-lhes a sua carne para que o cadáver (enrugado, pesado, demorado, desequilibrado) torne a viver.
TEATRO E NARRATIVA
Recusando a ideia que um texto (literatura ou não) contém sentido, tratando-se de uma criação em constante diálogo com os seus recetores, em permanente construção, podemos dizer que na criação artística existe um «vir-a-ser-sentido». Podemos então falar de significância, de uma espécie de «performance» de significado. Na introdução ao livro de Roland Barthes, «O Prazer do Texto» (Edições 70), Eduardo Prado Coelho fala da significância como sendo, «num primeiro momento, a recusa de uma significação única; é o que faz do texto, não um produto, mas uma produção; é o que mantém o texto num estatuto de enunciação, e rejeita que ele se converta num enunciado». Esta ideia de que os textos iniciam uma «performance» de significado mais do que formularem significado em si mesmos, e que a palavra nos transporta mentalmente para além da experiência musical, sonora, é a base essencial para a nossa abordagem a estes três romances norte-americanos.
Neste teatro narrativo em que nos interessa (continuar a) trabalhar, diferentes camadas de ficção vão sendo introduzidas e geridas pelo atores-narradores, assumindo, de certo modo, o papel de duplo-do-autor/ duplo-do-ator, num movimento constante entre a ficção interna da peça (onde a presença do narrador é motivada e justificada pela ação) e a destruição da ilusão (quando o narrador se dirige diretamente ao público). Depois da criação de «Moby-Dick» e «O Som e a Fúria», o teatromosca encerra com o texto de Bradbury o projeto iniciado em 2013, em que procura refletir sobre a fundação da nação americana, a sua supremacia cultural e económica preponderante no séc. XX e o consequente fracasso “recente” desta sociedade e do seu modelo, a partir de uma reflexão também sobre as suas práticas artísticas e como estas demonstram esta ascensão e (a anunciada) queda. A partir da adaptação de alguns dos mais importantes textos narrativos norte-americanos, pretende-se abordar temas como a História, a religião, a especificidade geográfica, a representação da mulher, a liberdade, a multiculturalidade, o tempo, o fracasso da linguagem e da narrativa, a ordem, o caos e a violência. Pretende-se ainda estender essa reflexão ao questionamento da civilização ocidental e do seu estado atual, tomando como ponto de partida a mais influente literatura não-dramática produzida nos Estados Unidos da América.
O terceiro espetáculo desta Trilogia Norte-Americana, com direção artística de Pedro Alves, estreou no Théâtre de la Tête Noire, em Saran (França), no dia 19 de novembro, às 19.30h, em coprodução com esta estrutura teatral francesa com quem o teatromosca estabeleceu um protocolo de cooperação internacional designado «Ferry-Book».

fahrenheit_451_-_teatromosca_2015_in_french.pdf |

fahrenheit_451_-_teatromosca_2015_in_english.pdf |
[SOBRE O FERRY BOOK]
O projeto de cooperação internacional, designado «Ferry-Book», que ligou o teatromosca ao Théâtre de la Tête Noire.
Teve início em 2015, e contemplou acções como:
Teve início em 2015, e contemplou acções como:
- a participação de elementos do teatromosca no Festival Text’Avril em Saran (abril 2015)
- a realização do Workshop Teatro e Literatura, organizado pelo teatromosca em Mira Sintra (maio 2015)
- a estreia do espetáculo “FAHRENHEIT 451” em Saran
- apresentação do espetáculo, VARIAÇÕES SOBRE HIROSHIMA MEU AMOR, em Portugal encerrou a primeira fase de cooperação com a estrutura teatral francesa.
[SOBRE A TRILOGIA NORTE-AMERICANA]
Neste teatro narrativo em que o teatromosca pretende (continuar a) trabalhar, diferentes camadas de ficção vão sendo introduzidas e geridas pelo atores-narradores, assumindo, de certo modo, o papel de duplo-do-autor/ duplo-do-ator, num movimento constante entre a ficção interna da peça (onde a presença do narrador é motivada e justificada pela ação) e a destruição da ilusão (quando o narrador se dirige diretamente ao público). Depois da criação de «Moby-Dick» e «O Som e a Fúria», a companhia encerra com o texto de Bradbury este projeto em que se procura refletir sobre a fundação da nação americana, a sua supremacia cultural e económica preponderante no séc. XX e o consequente fracasso “recente” desta sociedade e do seu modelo, a partir de uma reflexão também sobre as suas práticas artísticas e como estas demonstram esta ascensão e (a anunciada) queda. A partir da adaptação de alguns dos mais importantes textos narrativos norte-americanos, pretende-se abordar temas como a História, a religião, a especificidade geográfica, a representação da mulher, a liberdade, a multiculturalidade, o tempo, o fracasso da linguagem e da narrativa, a ordem, o caos e a violência. É intuito do teatromosca estender essa reflexão ao questionamento da civilização ocidental e do seu estado atual, tomando como ponto de partida a mais influente literatura não-dramática produzida nos Estados Unidos da América.
Dossier da Trilogia Norte-Americana
Dossier da Trilogia Norte-Americana
[FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA]
Texto Ray Bradbury | Adaptação e direção artística Pedro Alves | Tradução (para francês) Thomas Resendes | Interpretação Filipe Araújo e Rute Lizardo | Colaboração artística Patrice Douchet (Théâtre de la Tête Noire) | Criação musical e sonoplastia Bruno Béu | Assistência de direção Mário Trigo e Maria Carneiro | Cenografia Pedro Silva | Design gráfico Alex Gozblau | Direcção técnica Carlos Arroja | Vídeo Ricardo Reis | Fotografia Catarina Lobo | Produção teatromosca | Coprodução Embaixada dos EUA, Arte Institute (NY), Festival Internacional de Teatro do Alentejo e Théâtre de la Tête Noire (Orléans) | Apoios Câmara Municipal de Sintra, 5àSEC e Junta de Freguesia de Agualva - Mira Sintra
[FOTOGRAFIAS]
[MEMORABILIA]
[DIGRESSÃO]
Auditório António Silva (Cacém)
Teatro Experimental de Cascais (Cascais)
Festival Internacional de Teatro do Alentejo (Portalegre)
Teatro Académico Gil Vicente (Coimbra)
Festival AMO-TEatro (Camacha, Madeira)
Biblioteca Municipal de Oeiras (Versão performance)
Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Versão performance)
Teatro do Bairro (Lisboa)
Museu de Artes de Sintra (Versão performance)
Theatro Circo (Braga)
Teatro Diogo Bernardes (Ponte de Lima)
Teatro Experimental de Cascais (Cascais)
Festival Internacional de Teatro do Alentejo (Portalegre)
Teatro Académico Gil Vicente (Coimbra)
Festival AMO-TEatro (Camacha, Madeira)
Biblioteca Municipal de Oeiras (Versão performance)
Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Versão performance)
Teatro do Bairro (Lisboa)
Museu de Artes de Sintra (Versão performance)
Theatro Circo (Braga)
Teatro Diogo Bernardes (Ponte de Lima)

folha_de_sala_f451.pdf |