TRILOGIA NORTE-AMERICANA
Sabemos agora que um texto não é feito de uma linha de palavras, libertando um sentido único, de certo modo teológico (que seria a «mensagem» do Autor-Deus), mas um espaço de dimensões múltiplas, onde se casam e se contestam escritas variadas, nenhuma das quais é original: o texto é um tecido de citações, com origem nos inumeráveis centros da cultura.
«A Morte do Autor», Roland Barthes
Recusando a ideia que um texto (literatura ou não) contém sentido, tratando-se de uma criação em constante diálogo com os seus recetores, em permanente construção, podemos dizer que na criação artística existe um «vir-a-ser-sentido». Podemos então falar de significância, de uma espécie de «performance» de significado. Na introdução ao livro de Roland Barthes, «O Prazer do Texto» (Edições 70), Eduardo Prado Coelho fala da significância como sendo, «num primeiro momento, a recusa de uma significação única; é o que faz do texto, não um produto, mas uma produção; é o que mantém o texto num estatuto de enunciação, e rejeita que ele se converta num enunciado». Esta ideia de que os textos iniciam uma «performance» de significado mais do que formularem significado em si mesmos, e que a palavra nos transporta mentalmente para além da experiência musical, sonora, é a base essencial para a nossa abordagem a estes três romances norte-americanos.
Neste teatro narrativo em que nos interessa (continuar a) trabalhar, diferentes camadas de ficção vão sendo introduzidas e geridas pelo atores-narradores, assumindo, de certo modo, o papel de duplo-do-autor/ duplo-do-ator, num movimento constante entre a ficção interna da peça (onde a presença do narrador é motivada e justificada pela ação) e a destruição da ilusão (quando o narrador se dirige diretamente ao público). Depois da criação de «Moby-Dick», a partir do romance de Melville, e de «O Som e a Fúria», adaptado da obra homónima de William Faulkner, o teatromosca adaptará «Fahrenheit 451» de Ray Bradbury, procurando elaborar uma reflexão sobre a narrativa e o teatro, o documento e a memória, a ordem e o caos.
Os dois primeiros espectáculos da trilogia dedicada à literatura narrativa norte-americana acompanham a construção, ascensão de uma sociedade e a difusão de uma cultura marcante no mundo ocidental e não só. Inevitavelmente nestes dois espetáculos pressente-se uma eminente queda e o possível caos. Em último lugar deixa-se estender a reflexão ao questionamento das fundações da civilização ocidental, da cultura, da perpetuação da cultura pela literatura, e do conhecimento. Pretende-se com este projeto elaborar uma aturada reflexão sobre a fundação da nação americana, a sua supremacia cultural e económica preponderante no séc. XX e o consequente fracasso “recente” desta sociedade e do seu modelo, a partir de uma reflexão também sobre as suas práticas artísticas e como estas demonstram esta ascensão e (a anunciada) queda, tendo como ponto de partida para este trabalho a adaptação de alguns dos mais importantes textos narrativos norte-americanos, abordando temas como a História, a religião, a especificidade geográfica, a representação da mulher, a liberdade, a multiculturalidade, o tempo, o fracasso da linguagem e da narrativa, a ordem, o caos e a violência. Pretende-se estender essa reflexão ao questionamento da civilização ocidental e do seu estado atual, tomando como ponto de partida a mais influente literatura não-dramática produzida nos Estados Unidos da América.
Dossiê do projeto >>
Turning down the idea that every text has a meaning, in performative arts there is a dialogue with the readers-spectators, something that is made and can be ‘felt’. In this sense, the theatrical adaptation of Herman Melville’s novel was the first chapter in teatromosca’s new project: a trilogy based on the adaptation of novels to the stage. The aim is to explore the transforming power that voices/sounds can/may have in Theatre, offering multiple ways of representation and at the same time not limiting the spectator with a certain way to see/read the play/novel.
One of our guidelines for this theatrical trilogy based on three North American novels (Melville’s ‘Moby-Dick’; Faulkner’s ‘The Sound and the Fury’; and Ray Bradbury’s ‘Fahrenheit 451’) is Roland Barthes’ idea that the ‘birth of the reader must be ransomed by the death of the Author’. The written text opens itself up to new interpretations, to different readings. The goal is to elaborate a reflection on different concepts (“adaptation”, “appropriation”, “copy”, “citation”) about narrative and theatre, document and memory, order and chaos.
These three performances follow the construction/rise of a society and the dissemination of a culture, bringing as a consequence inevitable chaos. Themes such as history, religion, geography, representation of women, freedom, multiculturalism, time, language, narrative, violence, among others, are recurrent after working with such literary works.
After several performances in Portugal, France and the USA, the project continues to be available for touring in Portugal and abroad...
«A Morte do Autor», Roland Barthes
Recusando a ideia que um texto (literatura ou não) contém sentido, tratando-se de uma criação em constante diálogo com os seus recetores, em permanente construção, podemos dizer que na criação artística existe um «vir-a-ser-sentido». Podemos então falar de significância, de uma espécie de «performance» de significado. Na introdução ao livro de Roland Barthes, «O Prazer do Texto» (Edições 70), Eduardo Prado Coelho fala da significância como sendo, «num primeiro momento, a recusa de uma significação única; é o que faz do texto, não um produto, mas uma produção; é o que mantém o texto num estatuto de enunciação, e rejeita que ele se converta num enunciado». Esta ideia de que os textos iniciam uma «performance» de significado mais do que formularem significado em si mesmos, e que a palavra nos transporta mentalmente para além da experiência musical, sonora, é a base essencial para a nossa abordagem a estes três romances norte-americanos.
Neste teatro narrativo em que nos interessa (continuar a) trabalhar, diferentes camadas de ficção vão sendo introduzidas e geridas pelo atores-narradores, assumindo, de certo modo, o papel de duplo-do-autor/ duplo-do-ator, num movimento constante entre a ficção interna da peça (onde a presença do narrador é motivada e justificada pela ação) e a destruição da ilusão (quando o narrador se dirige diretamente ao público). Depois da criação de «Moby-Dick», a partir do romance de Melville, e de «O Som e a Fúria», adaptado da obra homónima de William Faulkner, o teatromosca adaptará «Fahrenheit 451» de Ray Bradbury, procurando elaborar uma reflexão sobre a narrativa e o teatro, o documento e a memória, a ordem e o caos.
Os dois primeiros espectáculos da trilogia dedicada à literatura narrativa norte-americana acompanham a construção, ascensão de uma sociedade e a difusão de uma cultura marcante no mundo ocidental e não só. Inevitavelmente nestes dois espetáculos pressente-se uma eminente queda e o possível caos. Em último lugar deixa-se estender a reflexão ao questionamento das fundações da civilização ocidental, da cultura, da perpetuação da cultura pela literatura, e do conhecimento. Pretende-se com este projeto elaborar uma aturada reflexão sobre a fundação da nação americana, a sua supremacia cultural e económica preponderante no séc. XX e o consequente fracasso “recente” desta sociedade e do seu modelo, a partir de uma reflexão também sobre as suas práticas artísticas e como estas demonstram esta ascensão e (a anunciada) queda, tendo como ponto de partida para este trabalho a adaptação de alguns dos mais importantes textos narrativos norte-americanos, abordando temas como a História, a religião, a especificidade geográfica, a representação da mulher, a liberdade, a multiculturalidade, o tempo, o fracasso da linguagem e da narrativa, a ordem, o caos e a violência. Pretende-se estender essa reflexão ao questionamento da civilização ocidental e do seu estado atual, tomando como ponto de partida a mais influente literatura não-dramática produzida nos Estados Unidos da América.
Dossiê do projeto >>
Turning down the idea that every text has a meaning, in performative arts there is a dialogue with the readers-spectators, something that is made and can be ‘felt’. In this sense, the theatrical adaptation of Herman Melville’s novel was the first chapter in teatromosca’s new project: a trilogy based on the adaptation of novels to the stage. The aim is to explore the transforming power that voices/sounds can/may have in Theatre, offering multiple ways of representation and at the same time not limiting the spectator with a certain way to see/read the play/novel.
One of our guidelines for this theatrical trilogy based on three North American novels (Melville’s ‘Moby-Dick’; Faulkner’s ‘The Sound and the Fury’; and Ray Bradbury’s ‘Fahrenheit 451’) is Roland Barthes’ idea that the ‘birth of the reader must be ransomed by the death of the Author’. The written text opens itself up to new interpretations, to different readings. The goal is to elaborate a reflection on different concepts (“adaptation”, “appropriation”, “copy”, “citation”) about narrative and theatre, document and memory, order and chaos.
These three performances follow the construction/rise of a society and the dissemination of a culture, bringing as a consequence inevitable chaos. Themes such as history, religion, geography, representation of women, freedom, multiculturalism, time, language, narrative, violence, among others, are recurrent after working with such literary works.
After several performances in Portugal, France and the USA, the project continues to be available for touring in Portugal and abroad...
Moby-Dick
A partir do romance homónimo de Herman Melville
Adaptação de Tiago Patrício
Direção artística de Pedro Alves
Produção teatromosca
BALEIA BRANCA
Narrativa de aventuras para alguns, epopeia metafísica para outros, «Moby-Dick», de Herman Melville, pode ser resumida como a história de uma viagem de caça à baleia, um estudo sobre a obsessão e a vingança e como estes traços dominantes se tornam a ruína do homem. Uma narrativa fragmentada, em certo modo, desordenada, dinâmica, entretecendo diferentes modos literários: conto, sátira, drama, ensaio, enciclopédia, crónica, lírica… + INFO
A partir do romance homónimo de Herman Melville
Adaptação de Tiago Patrício
Direção artística de Pedro Alves
Produção teatromosca
BALEIA BRANCA
Narrativa de aventuras para alguns, epopeia metafísica para outros, «Moby-Dick», de Herman Melville, pode ser resumida como a história de uma viagem de caça à baleia, um estudo sobre a obsessão e a vingança e como estes traços dominantes se tornam a ruína do homem. Uma narrativa fragmentada, em certo modo, desordenada, dinâmica, entretecendo diferentes modos literários: conto, sátira, drama, ensaio, enciclopédia, crónica, lírica… + INFO
Espetáculo com a duração aproximada de 100 minutos (sem intervalo)
Para maiores de 12 anos
DATAS
Estreou no dia 19 de dezembro de 2013
na Casa de Teatro de Sintra (Sintra)
O espetáculo esteve ainda em cena no Teatro Mirita Casimiro (Cascais), no Teatro Meridional (Lisboa), no Theatro Circo (Braga), no Teatro Helena Sá e Costa (Porto), no Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada), Teatro Aveirense (Aveiro), Teatro Municipal Baltazar Dias/Festival AMO-TEatro (Funchal), Festival de Teatro de Setúbal, MUSCARIUM#1 (Cacém), Teatro da Politécnica, Festival Internacional de Teatro do Alentejo (Évora), Cine Teatro de Estarreja, Access Theater (Nova Iorque) e Museu da Baleia de New Bedford.
Para maiores de 12 anos
DATAS
Estreou no dia 19 de dezembro de 2013
na Casa de Teatro de Sintra (Sintra)
O espetáculo esteve ainda em cena no Teatro Mirita Casimiro (Cascais), no Teatro Meridional (Lisboa), no Theatro Circo (Braga), no Teatro Helena Sá e Costa (Porto), no Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada), Teatro Aveirense (Aveiro), Teatro Municipal Baltazar Dias/Festival AMO-TEatro (Funchal), Festival de Teatro de Setúbal, MUSCARIUM#1 (Cacém), Teatro da Politécnica, Festival Internacional de Teatro do Alentejo (Évora), Cine Teatro de Estarreja, Access Theater (Nova Iorque) e Museu da Baleia de New Bedford.
O Som e a Fúria
A partir do romance homónimo de William Faulkner
Adaptação de Alexandre Sarrazola
Direção artística de Pedro Alves
Produção teatromosca
«O Som e a Fúria» é o segundo espetáculo de uma trilogia que o teatromosca dedica à literatura americana (em 2013 apresentou «Moby Dick» de Herman Melville e em 2015 será a vez de «Fahrenheit 451» de Ray Bradbury).
Com «O Som e a Fúria», Faulkner acentua, com desdenhosa energia, o caráter denso e obscuro da sua prosa. O texto, dividido em quatro seções distintas, centra-se na ruína da família Compson, antigos aristocratas do Sul dos Estados Unidos que, num ambiente de desintegração e constrangimento, lutam para lidar com a dissolução da sua família e da sua reputação. + INFO
Espetáculo com a duração aproximada de 130 minutos (sem intervalo)
Para maiores de 14 anos
DATAS
Estreou no 12 e 13 de Dezembro
no Auditório Municipal António Silva (Cacém)
O espetáculo esteve ainda em cena no Teatro Mirita Casimiro (Cascais), no Teatro Meridional (Lisboa), no Theatro Circo (Braga), no Teatro Art'Imagem (Porto), nos Recreios da Amadora (Amadora), no Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada), Teatro Aveirense (Aveiro), Teatro Municipal da Guarda (Guarda), Festival Internacional de Teatro do Alentejo (Évora), Teatro da Politécnica (Lisboa) e no Teatro Diogo Bernardes (Ponte de Lima).
A partir do romance homónimo de William Faulkner
Adaptação de Alexandre Sarrazola
Direção artística de Pedro Alves
Produção teatromosca
«O Som e a Fúria» é o segundo espetáculo de uma trilogia que o teatromosca dedica à literatura americana (em 2013 apresentou «Moby Dick» de Herman Melville e em 2015 será a vez de «Fahrenheit 451» de Ray Bradbury).
Com «O Som e a Fúria», Faulkner acentua, com desdenhosa energia, o caráter denso e obscuro da sua prosa. O texto, dividido em quatro seções distintas, centra-se na ruína da família Compson, antigos aristocratas do Sul dos Estados Unidos que, num ambiente de desintegração e constrangimento, lutam para lidar com a dissolução da sua família e da sua reputação. + INFO
Espetáculo com a duração aproximada de 130 minutos (sem intervalo)
Para maiores de 14 anos
DATAS
Estreou no 12 e 13 de Dezembro
no Auditório Municipal António Silva (Cacém)
O espetáculo esteve ainda em cena no Teatro Mirita Casimiro (Cascais), no Teatro Meridional (Lisboa), no Theatro Circo (Braga), no Teatro Art'Imagem (Porto), nos Recreios da Amadora (Amadora), no Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada), Teatro Aveirense (Aveiro), Teatro Municipal da Guarda (Guarda), Festival Internacional de Teatro do Alentejo (Évora), Teatro da Politécnica (Lisboa) e no Teatro Diogo Bernardes (Ponte de Lima).
Fahrenheit 451
A partir do romance homónimo de Ray Bradbury
Adaptação e direção artística de Pedro Alves
Produção teatromosca
Após a criação de «Moby-Dick» e «O Som e a Fúria», que integram a trilogia dedicada à literatura norte-americana, a companhia encerra este ciclo temático com a estreia de «Fahrenheit 451», de Ray Bradbury (1953), em que se procura elaborar uma reflexão sobre a narrativa e o teatro, o documento e a memória, a ordem e o caos. O espetáculo, com direção artística de Pedro Alves, estreará em novembro de 2015, em Orléans (França), em coprodução com o Théâtre de la Tête Noire. Trata-se de um projeto que dá continuidade à investigação que o teatromosca tem vindo a desenvolver em torno da adaptação de textos não-dramáticos para o palco e que tem levado a uma reflexão sobre a relação entre literatura e teatro, e o lugar do texto e do autor no teatro. + INFO
ESTREIA MUNDIAL
19 de novembro no Théâtre de la Tête Noire, em Saran [França], às 19.30h
ESTREIA EM PORTUGAL
3 de dezembro no Auditório António Silva, no Cacém
O espetáculo esteve ainda em cena no Teatro Mirita Casimiro (Cascais), no Teatro Académico Gil Vicente (Coimbra), no Festival Internacional de Teatro do Alentejo (Portalegre), na Biblioteca Municipal de Oeiras (Oeiras) e no Festival AMO-TEatro (Madeira).
A partir do romance homónimo de Ray Bradbury
Adaptação e direção artística de Pedro Alves
Produção teatromosca
Após a criação de «Moby-Dick» e «O Som e a Fúria», que integram a trilogia dedicada à literatura norte-americana, a companhia encerra este ciclo temático com a estreia de «Fahrenheit 451», de Ray Bradbury (1953), em que se procura elaborar uma reflexão sobre a narrativa e o teatro, o documento e a memória, a ordem e o caos. O espetáculo, com direção artística de Pedro Alves, estreará em novembro de 2015, em Orléans (França), em coprodução com o Théâtre de la Tête Noire. Trata-se de um projeto que dá continuidade à investigação que o teatromosca tem vindo a desenvolver em torno da adaptação de textos não-dramáticos para o palco e que tem levado a uma reflexão sobre a relação entre literatura e teatro, e o lugar do texto e do autor no teatro. + INFO
ESTREIA MUNDIAL
19 de novembro no Théâtre de la Tête Noire, em Saran [França], às 19.30h
ESTREIA EM PORTUGAL
3 de dezembro no Auditório António Silva, no Cacém
O espetáculo esteve ainda em cena no Teatro Mirita Casimiro (Cascais), no Teatro Académico Gil Vicente (Coimbra), no Festival Internacional de Teatro do Alentejo (Portalegre), na Biblioteca Municipal de Oeiras (Oeiras) e no Festival AMO-TEatro (Madeira).